quarta-feira, 6 de julho de 2011

FESTAS DE RUA DO BEM

Não sei se vocês já perceberam, mas fato é que BH está tendo cada dia mais festas de rua, há alguns anos conseguíamos contar nos dedos as festas ao ar livre e “gratuitas” (daqui a pouco explico o porquê destas aspas) que ocorriam em BH.

Lembro-me da minha infância na Rua Trifana, no Bairro Serra, todos os anos a Rua Oriente no quarteirão entre exatamente a minha rua e a Rua Caraça, era fechada para a realização da “Bacalhoada do Baltazar”.

Sr. Baltazar era um português simpático que veio para o Brasil com sua esposa e deu um duro danado para conquistar seu lugarzinho ao sol. Começou com um botequinho na rua caraça se não me engano onde vendia os quitutes de sua terra, que eram produzidos por sua esposa. Depois de alguns anos a frente deste negócio extremamente simples e familiar, aonde os dois davam duro, conseguiram comprar um terreno na esquina da Rua Oriente com a Rua Caraça e com o dinheiro suado construíram um pedacinho de Portugal em BH que se chama Taberna Baltazar. Hoje o Sr. Baltazar não está entre nós, mas sua esposa e suas filhas dão continuidade ao seu trabalho.

Bem como quero falar das festas de rua, vamos voltar ao foco. Na minha infância quando chegava o dia da “Bacalhoada do Baltazar” para meus amigos e eu era uma festa! Só que para entrar você tinha que ser convidado, ter um crachá e doar alimentos que seriam distribuídos a entidades carentes. Mas como todo bom menino criado solto no bairro, eu e meus amigos sempre dávamos um jeito de entrar e curtíamos muito aquela festa. No entanto Sr. Baltazar adoeceu e com isso a festa passou a deixar de ser comemorada, deixando muita saudade.

Naquela época era também comum as quermesses das igrejas de bairro, uma festa que com o tempo foi se perdendo.

Nos últimos anos tivemos algumas festas de rua que foram sendo criadas e com muito trabalho e empenho de seus organizadores se consolidaram no calendário da cidade, exemplo disso o o Festival de Jazz da Savassi que começou só no cruzamento da Rua Antônio de Albuquerque com a Rua Sergipe se não me engano e hoje ocupa vários quarteirões da Savassi, temos também a festa Italiana que das que homenageiam algum país é disparada a mais famosa e uma das mais antigas, servido como referência para as demais, pois é a real integração dos imigrantes Italianos, seus descendentes e o povo brasileiro, numa festa que se comemora a integração dos dois povos.

Pois é esses são alguns exemplos de festas e festivais que aconteceram e alguns ainda acontecem já a algum tempo em BH, mas sempre sendo cada um deles um evento isolado.

Mas desde 2010 BH parece ter descoberto a graça destas festas, exemplo disso é a Festa da Independência da Irlanda que foi comemorada ano passado com um bom número de adépitos mas que esse ano conseguiu arrastar nada menos que 35 mil pessoas para a região da savassi algo que de certa forma causou até algum transtorno ao trânsito já caótico de BH, mas acredito ser muito mais culpa de uma má gerência da companhia responsável pela engenharia de trânsito de BH que pela festa em si.

Ainda em 2010 fui a convite de uma amiga na 1°  Festa da Espanha que ocorreu nos jardins do Museu Abílio Barreto e que no meu ver foi um sucesso, pois para uma festa que ocorria pela primeira vez, atrair um público de aproximadamente 2 mil pessoas é algo a ser respeitado.

Mas em 2011 parece que BH entrou de cabeça nas festas de rua, este ano como dito tivemos a festa da Independência da Irlanda com um público inacreditável, já tivemos também a festa da Itália, tivemos também a festa Junina da rua Florália no bairro Anchieta além das festas de carnaval de rua nos bairros São Bento, São Pedro, Santo Antônio (sendo que estas já viraram festas tradicionais do carnaval da cidade) e Anchieta.

Só que não vai ficar só nisso não, já tem data marcada as festas da França, de Portugal, da Espanha, o Festival de Jazz da Savassi, a Festa Junina da Igreja de São Mateus, além de mais algumas que com certeza serão criadas no decorrer deste ano.

O mais legal disso tudo é que a maior parte destas festas tem uma pegada beneficente, pois a área aonde são realizadas é cercada (com autorização das autoridades públicas é claro) e para entrar no espaço reservado cada pessoa tem que doar um agasalho, ou alimento não perecível, ou brinquedo (ta aí a explicação pro “gratuitas” lá de cima), que depois são destinados a entidades carentes, moradores de rua e crianças doentes entre outros. Mas o bacana disso tudo é fazer uma festa ao ar livre aonde a comunidade se vê, aonde você descobre quem é seu vizinho, aquele que por muitas vezes você cruzou na rua mas não sabia nem mesmo que morava no seu prédio devido a correria do dia a dia, e além de tudo faz o bem a quem precisa.

Acho que essas festas com esse que de solidariedade, que criam um motivo para reunir um grupo de pessoas e se divertir, mas não se esquecem de agregar um cunho social, muito bacanas. No meu entendimento elas só tem a agregar para a cidade, pois é uma forma de trazer diversão de qualidade a um número grande de pessoas, mas nem por isso esquecendo de ajudar ao próximo.

Já falei demais.

Fica a dica, eu particularmente estou gostando deste movimento que leva o povo pra rua ao invés de colocá-lo num espaço fechado a um custo cada vez mais elevado aonde as pessoas são sempre as mesmas. Não que eu não curta essas festas às vezes, pois se isso fosse verdade vocês não me viriam nelas! Hehehe...

Mas sem dúvida nenhuma estou gostando cada dia mais das velhas e boas festas de rua, ainda mais se junto da diversão vier uma boa ação.

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